O IFIX B3, índice que avalia o desempenho dos fundos de investimento imobiliário (FIIs) elencados na bolsa do Brasil, conseguiu uma marca histórica no começo de julho. Desde o princípio do ano até o momento presente, o indicador registra incremento de mais de 11%.
O panorama que vigorava para o setor até 2024 passou por uma alteração significativa. No ano anterior, o ascenso da Selic na segunda metade do ano impactou as cotações dos FIIs listados. Em um contexto de taxas mais altas e maior aversão ao risco, investidores transferiram seus recursos de ativos como os FIIs em busca de retornos maiores na renda fixa.
Em seu informe, a XP sintetiza: “o início de 2025 foi marcado pelo ótimo desempenho dos fundos listados, mesmo diante de um cenário desfavorável, caracterizado por taxas elevadas, incertezas internas e externas, e discussões em andamento sobre a possível taxação desses ativos”. Segundo o documento, “sem grandes propulsores que justificassem tal resultado, atribuímos a performance positiva principalmente à mudança do excesso de pessimismo dos investidores observado entre o fim de 2024 e janeiro de 2025 — período em que fundos imobiliários, por exemplo, foram negociados com descontos acima dos padrões históricos em várias métricas de avaliação”.
O docente de finanças Arthur Vieira de Moraes também associa a valorização das cotas aos movimentos na curva de juros. “O que justifica esta melhoria nos últimos meses foi a redução da taxa longa de juros”, explica.
Neste momento, com a perspectiva do mercado de que a Selic atingiu seu auge de 15% neste ciclo atual, abre-se espaço para algum entusiasmo, ainda que com prudência. “Com o término do ciclo de restrição monetária, acreditamos que esses fundos podem apresentar bons resultados no segundo semestre, mesmo em um ambiente de volatilidade acentuada que ainda requer cautela. Esta expectativa é amparada por fundamentos setoriais robustos e níveis de preço atrativos, tanto em termos de rendimento (carrego) quanto de potenciais ganhos de capital”, relata o informe da XP.
Adicionalmente, Arthur ressalta que os fundamentos para o investimento no setor permanecem sólidos. “Os escritórios têm aumentado a ocupação, os shoppings continuam com bons resultados de vendas”, destaca. “Não houve nenhum motivo do mercado imobiliário que justificasse as descidas que ocorreram anteriormente”, recorda.
Com a recuperação nos valores das cotas, a expectativa do professor é de uma retomada das emissões de FIIs no segundo semestre. Durante um longo período, muitos dos fundos imobiliários tinham suas cotas negociadas abaixo do valor patrimonial, um cenário considerado desfavorável para a realização de novas emissões.
“Ter administradores realizando novas emissões seria muito positivo para o mercado. Dessa forma, fundos com dívidas poderiam utilizar esse capital para aprimorar sua alavancagem. E para aqueles que têm capital disponível, é um momento oportuno para adquirir imóveis de qualidade”, explica o professor.
Por outro lado, os fundos de papel, que possuem em suas carteiras títulos de renda fixa vinculados ao mercado imobiliário, continuarão “a desempenhar sua função primordial, que é financiar empreendimentos imobiliários”, menciona Arthur.
Fundos de papel versus tijolo
Segundo a XP, frente à expectativa de manutenção da taxa Selic em patamares elevados por um longo período, a perspectiva é mais favorável para os fundos de papel, “especialmente os FIIs de recebíveis imobiliários com risco de crédito baixo a moderado”. Afinal, além de possuírem um perfil mais defensivo e retornos atrativos nesse contexto, muitos desses fundos ainda estão disponíveis a preços interessantes”.
Quanto aos fundos de tijolo, a recomendação da corretora é por FIIs com “portfólios de alta qualidade, situados em regiões privilegiadas, que podem se beneficiar de ajustes positivos nos aluguéis, diante de uma demanda ainda resistente, embora menos intensa do que a vista no ano anterior”, afirma o informe. “Além disso, acreditamos que esses fundos podem se beneficiar de uma eventual melhora no cenário interno, à medida que se tenha uma redução da inflação. Esta possibilidade, aliada aos substanciais descontos nos quais esses ativos estão sendo negociados, justifica sua presença nas carteiras dos investidores, apesar de nossa preferência momentânea pelos fundos de recebíveis”.
Isenção de Imposto de Renda
O professor também comentou as discussões sobre a tributação dos rendimentos dos fundos imobiliários. De acordo com ele, uma eventual mudança na taxação dos fundos não constitui motivo para desconsiderar investimentos nesta classe de ativos. “Os fundamentos para os FIIs permanecem exatamente os mesmos. Um investidor não deveria alocar recursos em FIIs porque eles são isentos, mas sim porque são únicos. Por meio deles, você tem acesso a ativos que, de outra forma, não teria”, destaca. “Trata-se de um produto de renda variável cuja rentabilidade varia pouco. Se esta rentabilidade passar a ser tributada, o mercado se ajustará em termos de preço. No entanto, os fundamentos permanecem inalterados”, conclui.
Confira os FIIs com melhor desempenho no mês de junho
A pedido do Bora Investir, a Quantum Finance elaborou um levantamento sobre os fundos com os maiores retornos positivos no mês de junho. Dos dez primeiros no ranking geral, há diversidade nos tipos de FIIs: cinco são de papel (renda fixa), quatro são de tijolo (imóvel) e um deles é de classe mista. Confira!
TOP 10 MAIORES RETORNOS POSITIVOS NO MÊS (JUN/25) – FIIs: PAPEL, TIJOLO E MULTICLASSE | ||||
Nome do Ativo | Ticker | Classificação Setorial – Classe de Ativo | Classificação Setorial – Tipo de Imóvel | Retorno |
CARTESIA RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS RESP LIMITADA FII | CACR11 | Renda Fixa | Não se Aplica | 6,08% |
MAUÁ CAPITAL RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS RESP LIMITA FII | MCCI11 | Renda Fixa | Não se Aplica | 5,57% |
PÁTRIA ESCRITÓRIOS RESP LIMITADA FII | HGRE11 | Imóvel | Lajes Corporativas | 5,06% |
HOTEL MAXINVEST RESP LIMITADA FII | HTMX11 | Imóvel | Hotel | 4,94% |
DEVANT RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS FII | DEVA11 | Renda Fixa | Não se Aplica | 4,52% |
KINEA HEDGE FUND RESP LIMITADA FII | KNHF11 | Multiclasse | Híbrido | 4,13% |
BTG PACTUAL AGRO LOGÍSTICA RESP LIMITADA FII | BTAL11 | Imóvel | Logística | 3,99% |
TG ATIVO REAL FII | TGAR11 | Imóvel | Híbrido | 3,61% |
RBR CRÉDITO IMOBILIÁRIO ESTRUTURADO RESP LIMITADA FII | RBRY11 | Renda Fixa | Não se Aplica | 3,43% |
VBI RENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS I RESP LIMITADA FII | BARI11 | Renda Fixa | Não se Aplica | 3,32% |
LISTA MAIORES RETORNOS POSITIVOS NO MÊS (JUN/25) – FIIs DE TIJOLO | |||
Nome do Ativo | Ticker | Classificação Setorial – Tipo de Imóvel | Retorno |
PÁTRIA ESCRITÓRIOS RESP LIMITADA FII | HGRE11 | Lajes Corporativas | 5,06% |
HOTEL MAXINVEST RESP LIMITADA FII | HTMX11 | Hotel | 4,94% |
BTG PACTUAL AGRO LOGÍSTICA RESP LIMITADA FII | BTAL11 | Logística | 3,99% |
TG ATIVO REAL FII | TGAR11 | Híbrido | 3,61% |
TIVIO RENDA IMOBILIÁRIA RESP LIMITADA FII | TVRI11 | Agências | 3,03% |
GUARDIAN REAL ESTATE RESP LIMITADA FII | GARE11 | Híbrido | 2,67% |
PÁTRIA RENDA URBANA RESP LIMITADA FII | HGRU11 | Híbrido | 2,64% |
RIZA TERRAX FII | RZTR11 | Rural | 2,21% |
VBI LOGÍSTICO RESP LIMITADA FII | LVBI11 | Logística | 2,00% |
RIO BRAVO RENDA CORPORATIVA RESP LIMITADA FII | RCRB11 | Lajes Corporativas | 1,85% |
LISTA MAIORES RETORNOS POSITIVOS NO MÊS (JUN/25) – FIIs DE PAPEL | ||
Nome do Ativo | Ticker | Retorno |
CARTESIA RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS RESP LIMITADA FII | CACR11 | 6,08% |
MAUÁ CAPITAL RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS RESP LIMITA FII | MCCI11 | 5,57% |
DEVANT RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS FII | DEVA11 | 4,52% |
RBR CRÉDITO IMOBILIÁRIO ESTRUTURADO RESP LIMITADA FII | RBRY11 | 3,43% |
VBI RENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS I RESP LIMITADA FII | BARI11 | 3,32% |
XP CRÉDITO IMOBILIÁRIO FII | XPCI11 | 2,79% |
VALORA CRI CDI RESP LIMITADA FII | VGIR11 | 2,34% |
CAPITÂNIA SECURITIES II RESP LIMITADA FII | CPTS11 | 2,32% |
RBR RENDIMENTO HIGH GRADE RESP LIMITADA FII | RBRR11 | 2,18% |
FATOR VERITÀ FII | VRTA11 | 1,81% |
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Fonte: Bora investir