Depois de quatro períodos de mercado do Bitcoin predominantemente controlados pelo comércio varejista, o momento presente claramente marca o surgimento e a ascensão de um novo concorrente no mercado, o institucional.
A indústria deixou de ser uma promessa periférica e agora é tratada como uma parte legítima e estratégica da nova infraestrutura econômica. Suas principais armas são os ETFs americanos de Bitcoin que, em apenas 18 meses de negociações, já reuniram um volume equivalente a mais de US$ 55 bilhões em BTC sob custódia.
Não por acaso, o ETF de Bitcoin da BlackRock, IBIT, alcançou um marco histórico: tornou-se o ETF mais veloz da história a ultrapassar US$ 70 bilhões em capitalização.
Isso não apenas reforça a procura institucional por exposição regulamentada ao BTC, mas também confirma que a classe de ativos encontrou um meio legítimo, profundo e expansível para absorver grandes quantias de capital. O interesse não surge apenas de entusiastas ou investidores do varejo — mas também das maiores gestoras, family offices e instituições bancárias do mundo, que estão ajustando suas carteiras para o novo ciclo financeiro.
A nomeação de Paul Atkins como presidente da SEC simboliza esse novo contexto do mercado financeiro, agora favorável ao Bitcoin. Reconhecido por seu suporte à inovação e ao livre mercado, Atkins já afirmou que estabelecer um arcabouço regulatório específico para ativos digitais será uma de suas principais prioridades.
A regulação para criptomoedas também avançou através de outros meios nos EUA, como a aprovação do GENIUS Act, uma legislação que define diretrizes para stablecoins.
Com apoio de ambos os lados políticos e respaldo de senadores influentes, a proposta estabelece requisitos de lastro, prioridades em caso de falência e responsabilidades de conformidade, ao mesmo tempo em que abre caminho para a entrada de emissores tradicionais e novos participantes. Esse é o arcabouço regulatório que faltava para a evolução das stablecoins como parte oficial da infraestrutura do sistema financeiro digital.
A reação do mercado a esses avanços já está perceptível. O IPO da Circle, emissora do USDC, teve um salto na NYSE com uma valorização de 167% em seu primeiro dia de negociação, e quase quadruplicou em menos de 48 horas.
Ademais, recentemente, empresas externas ao setor cripto começaram a constituir reservas estratégicas de criptomoedas. E não é apenas no Bitcoin, que apesar de liderar o grupo, representa apenas parte das Empresas com Reservas em Ativos Digitais (DATCOs), que já detêm aproximadamente 791,662 BTC (4% do total da oferta) e mais de 1,3 milhão de ETH (1% da oferta).
Em conjunto, essas empresas possuem mais de US$ 100 bilhões em ativos digitais, mostrando que o ciclo institucional está plenamente em andamento e acelerando.
A expectativa é que a autorização de ETFs de altcoins, agendada para o início de outubro com mais de 80% de probabilidade de aprovação pela maioria, possa desencadear um movimento similar para as demais criptomoedas, potencialmente resultando em uma alta expressiva do mercado de altcoins.
Flutuações de curto prazo são normais, especialmente diante de preocupações macroeconômicas pouco relacionadas ao setor cripto. No entanto, é crucial manter o foco no médio prazo: até o final do ano, é provável que observemos os últimos picos deste ciclo.
Quem Escreveu?
Rony Szuster lidera a equipe de Pesquisa do MB | Mercado Bitcoin. Engenheiro Químico com especialização em Engenharia de Software, está imerso no mercado cripto desde 2019 e contribuiu para o Messari Hub de 2021 a 2022.
Fonte: Portal do Bitcoin