A resolução do governo Donald Trump de eliminar a taxa de 10% aplicada em abril a 238 produtos traz apenas leve alívio para os exportadores brasileiros. De acordo com a maioria das associações dos setores da economia brasileira afetados pela sobretaxa, o principal obstáculo ainda é a sobretaxa adicional de 40% estabelecida no final de julho pelo governo.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou no último sábado, 15, que o governo brasileiro continuará trabalhando para que os Estados Unidos reduzam as tarifas sobre os produtos brasileiros ou eliminem completamente a tarifa adicional de 40%, que ele classificou como uma distorção.
A diminuição de Trump afeta a taxação de aproximadamente 80 produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos, porém o benefício é limitado, uma vez que os produtos brasileiros continuam com uma sobretaxa maior do que a aplicada à maioria dos outros países. Confira aqui a lista dos produtos
Apenas quatro produtos passam a ser totalmente isentos de tarifas para os EUA: três variedades de suco de laranja e a castanha-do-pará. Os outros 76 ainda estão sujeitos à tarifa de 40%, incluindo cafés não torrados, cortes de carne bovina, frutas e vegetais.
De acordo com Alckmin, a parcela das exportações brasileiras para os EUA sujeita a tarifas zero aumentou de 23% para 26%. Em 2024, o Brasil exportou US$40 bilhões para os EUA, sendo o terceiro maior mercado para as exportações brasileiras, atrás da China e da União Europeia.
Segundo as associações, o Brasil precisará intensificar as negociações diplomáticas para buscar a eliminação total das tarifas extras e restaurar as condições de competitividade no mercado norte-americano.
Indústria
As organizações industriais brasileiras consideraram a medida como um gesto positivo, porém insuficiente. Segundo análise da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os 80 itens beneficiados pela suspensão da tarifa de 10% representaram US$ 4,6 bilhões em exportações em 2024, cerca de 11% do total enviado pelo Brasil aos EUA.
A CNI destaca que a manutenção da sobretaxa de 40% coloca o Brasil em desvantagem em relação a concorrentes que não enfrentam as mesmas barreiras. A entidade enfatiza a urgência no avanço das negociações.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também vê o corte como um avanço limitado. “É um passo importante, mas ainda não o suficiente”, declarou em comunicado o presidente Flávio Roscoe. A federação destaca que produtos significativos da pauta de exportação do estado, como carnes e café, continuam impactados.
Café
O setor cafeeiro mantém cautela e aguarda esclarecimentos sobre a extensão da redução. Como produtor de metade do café arábica do mundo, o Brasil fornece cerca de um terço dos grãos aos Estados Unidos.
No caso do Brasil, a competição com outros grandes exportadores de café é o principal desafio. A taxa dos EUA para os grãos brasileiros foi reduzida de 50% para 40%, enquanto as taxas foram zeradas para o café colombiano e quase zeradas para o café vietnamita.
“O café também teve uma redução de 10%, mas há concorrentes que reduziram 20%. Portanto, este é o esforço que precisa ser feito agora para melhorar a competitividade”, afirmou Alckmin.
Carne
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) teve a reação mais positiva, destacando o retorno da previsibilidade ao comércio entre os países. Em comunicado, a associação afirmou que a redução “reforça a confiança no diálogo técnico entre as duas nações.”
De acordo com a entidade, a tarifa sobre carne bovina brasileira caiu de 76,4% para 66,4%, com a eliminação da tarifa global de 10%. Antes do governo Trump, os Estados Unidos taxavam o produto em 26,4%.
*Artigo originalmente publicado em IstoÉ Dinheiro, portal parceiro de B3 Bora Investir
Deseja simular investimentos no Tesouro Direto? Acesse o simulador para conferir os possíveis rendimentos da sua aplicação. Se já é investidor e deseja analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um único lugar, acesse a Área do Investidor
Fonte: Bora investir

