A CVM retoma hoje, às 15h, o julgamento da empresa Bluebenx. Além da organização, acusada de ser uma pirâmide financeira, estão sendo julgados Roberto de Jesus Cardassi, William Tadeu Batista Silva, Renato Sanchez Gonzalez Junior e Andre Massao Onomura.
Conforme a autarquia, eles estão sendo julgados por “alegada execução de operação fraudulenta no mercado de valores mobiliários e de oferta pública de valores mobiliários sem obtencão de registro ou dispensa”.
O julgamento começou em 20 de maio e foi interrompido posteriormente a pedido de vista do diretor João Accioly.
O relator do processo, diretor Otto Lobo, já emitiu seu voto favorável à condenação da Bluebenx, sugerindo multa total de R$ 18 milhões até o momento.
Para os executivos, o diretor propõe a condenação de Cardassi, com multa de R$ 4 milhões e suspensão de suas atividades no mercado por 96 meses. Para William Tadeu Batista Silva, Otto Lobo propõe multa de R$ 2,3 milhões e suspensão por 87 meses.
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Quanto a Renato Sanchez Gonzalez Junior e Andre Massao Onomura, o relator votou pela absolvição de ambos, argumentando que eles não faziam mais parte do quadro societário da Bluebenx durante o período em que os tokens que deram origem ao processo foram oferecidos ao público.
A situação da Bluebenx
A Bluebenx foi estabelecida em 2017 e atraiu uma grande quantidade de investidores. Dois anos mais tarde, a CVM iniciou um processo contra a empresa, alegando que sua operação era uma oferta de investimentos irregular.
Em 2022, ao suspender os saques, a Bluebenx explicou a interrupção dos pagamentos justificando ter sido alvo de um ataque cibernético “altamente agressivo”. Entretanto, mais tarde mudou a narrativa, alegando ter sido enganada por uma listagem falsa.
O advogado da empresa na época, Assuramaya Kuthumi, declarou que a companhia havia perdido R$ 160 milhões no incidente. Contudo, evidências on-chain revelaram apenas uma perda de R$ 1,1 milhão em tokens que a Bluebenx supostamente perdeu ao cair em um esquema de listagem falsa, transferidos posteriormente para a corretora Binance, conforme apurado pelo Portal do Bitcoin à época.
Preso em Portugal no ano anterior e deportado para o Brasil, Cardassi ficou detido por cerca de três meses e foi liberado em 15 de maio de 2025. William Tadeu está desaparecido, no entanto, uma defesa recente indicou que ele estaria na Flórida, EUA, alegando ser uma medida de segurança devido a ameaças contra sua vida, não uma fuga do país.
Cardassi foi chamado para depor na CPI das Pirâmides Financeiras como testemunha, mas não compareceu por estar em paradeiro desconhecido na ocasião. No relatório final, a CPI recomendou que o Ministério Público investigasse a conduta de Roberto Cardassi na Bluebenx e, se necessário, iniciasse uma ação penal contra ele.
Fonte: Portal do Bitcoin