O porvir é polichain, entretanto a função central do Ethereum em conduzir a adoção das redes de contratos inteligentes está sendo cada vez mais debatida. Esse foi o desfecho da discussão da mais recente versão do “Horizontes Digitais”, evento organizado pelo MB em parceria com o Portal do Bitcoin que regularmente promove diálogos sobre o universo criptográfico, finanças e tecnologia.
Felipe Sant’Ana, criador da Paradigma, companhia de pesquisa voltada para criptomoedas, participou do debate que aconteceu na terça-feira (22) em São Paulo, e demonstrou ser mais negativo em relação ao futuro do Ethereum, que neste mês de julho completa uma década de existência.
O expert destacou que as bases nas quais a rede foi erguida são inalteráveis e não favorecem uma utilização rápida e econômica: a escalabilidade do Ethereum é alcançada por meio de redes de segunda camada, que acrescentam mais uma fase em todo o processo.
Descubra também: O que as redes de segunda camada, rollups e sidechains representam?
“Solana, que é a principal concorrente, desde o início adotou uma filosofia de design mais uniforme. ‘Desejo ser apenas uma blockchain e tudo ocorrerá internamente’. Como resultado, temos uma blockchain mais robusta, mais pesada. O histórico dessa blockchain ocupará mais memória computacional e possivelmente não será viável ter um nó da Solana em nossas casas, em nossos computadores. Terá de ser em um centro de dados, assim será uma blockchain mais centralizada. Contudo, o consumidor final não se importa com isso, na hora de comprar e vender, eles querem uma operação acessível e rápida”, mencionou Sant’Ana.
O criador da Paradigma enxerga o projeto em uma situação sem alternativas: “Pode aumentar em escala, pode progredir, passar por inúmeros aprimoramentos, porém as transações continuarão sendo mais caras do que na Solana.”
Já Rony Szuster, responsável pela pesquisa do MB e o outro debatedor da noite, apontou que prevê claramente um universo polichain no qual haverá espaço para ambas as redes. A questão é compreender qual será a fatia de mercado de cada uma e que tipo de solução cada uma oferecerá.
“Existem diversos setores nos quais encontramos o líder de mercado e outros menores ocupando nichos específicos. Consigo visualizar facilmente um futuro polichain. Quando quiser utilizar algo mais descentralizado, utilize o Ethereum. Quando quiser usar algo mais econômico, recorra à Solana. Você não executará Operações de Alta Frequência (Negociação de Alta Frequência) no Ethereum”, comentou Szuster, em uma discussão mediada pelo jornalista Cassio Gusson.
Arquitetura do Ethereum é uma vantagem
O responsável pela pesquisa do MB destaca que o Ethereum necessita de melhores alternativas de interoperabilidade com suas redes de segunda camada e que essa tem sido uma missão na qual a comunidade tem se empenhado nos últimos meses e anos.
Caso consiga esse feito, será uma blockchain com escalabilidade, altamente descentralizada, acessível e veloz no uso de suas segundas camadas bem integradas à rede principal.
Até 2024, o Ethereum atingiu a marca de mais de 13 mil nós formando a blockchain e um milhão de validadores. Além disso, 8 mil desenvolvedores colaboram em projetos na rede e mais de 2 mil se dedicam exclusivamente a ela. Esses dados dão a Szuster a confiança de que a rede permanecerá relevante sempre.
“O Ethereum está evoluindo em uma direção própria, apenas no futuro saberemos se foi benéfico ou prejudicial em termos de preço do ativo. Porém, ele já conquistou seu espaço no futuro, no qual será muito útil, talvez por ser mais descentralizado. Consigo visualizar redes complementando o Ethereum, mas não o substituindo”, concluiu.
Competição
Sant’Ana concorda que o futuro será polichain, contudo destaca que o Ethereum se beneficiou por muito tempo de ser a única rede, além do Bitcoin, com massa crítica: ferramentas para desenvolvimento, boas carteiras digitais, indivíduos para testar aplicativos, documentação bem elaborada.
“Atualmente a Solana também possui efeitos de rede, sob a ótica do desenvolvimento, tão essenciais quanto os do Ethereum. Portanto, o Ethereum teve um período no qual era a única alternativa viável, a única blockchain inovadora e expressiva para as pessoas empreenderem e lançarem novidades. Mas agora não é mais o único. Ainda tem vantagens, porém as vantagens não perduram para sempre”, alertou.
Fonte: Portal do Bitcoin