O secretário da Economia, Pedro Haddad (imagem), disse, hoje (29), em Brasília, que uma possível conversa entre os líderes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump pode acontecer para discutir as taxas impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros exportados para lá. De acordo com Haddad, não há bloqueio dos canais de comunicação entre os negociadores dos dois países, porém, esse contato direto entre os presidentes requer uma preparação protocolar mínima.
“É incumbência nossa, dos ministros, justamente otimizar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja a mais honrosa e construtiva possível”, declarou Haddad sobre o esforço que está sendo feito por ele; pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que está nos Estados Unidos; e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que também está em diálogo com o setor produtivo.
“É necessário um preparo prévio para que seja algo respeitoso, de modo que as duas nações se sintam valorizadas na mesa de negociação, sem que haja um sentimento de inferioridade, de submissão”, acrescentou, ao criticar as pressões da oposição por decisões rápidas.
“[Precisamos] mudar um pouco o tom da submissão e, com muita humildade, nos reunir, porém respeitando os princípios do nosso país”, afirmou o ministro em conversa com jornalistas no Ministério da Economia.
Um grupo de oito senadores brasileiros também está em Washington, a capital dos EUA, tentando estabelecer um canal de diálogo com parlamentares americanos e discutir soluções para as tarifas.
No último dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos enviou uma carta a Lula anunciando a aplicação da taxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Indícios
Para Haddad já há “alguma demonstração de interesse” e “sensibilidade” por parte das autoridades americanas para conversar. “Alguns empresários têm nos informado que estão encontrando maior receptividade por lá, não sei se será a tempo até o dia 1º”, avaliou o ministro, afirmando que não está fixado na data e que as negociações continuarão mesmo com a entrada em vigor das tarifas.
“Estão ficando mais claros, agora, os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas que não eram compreendidos facilmente por eles. A relação sempre foi amigável entre os países, então não há motivo para que isso mude, permitindo que questões externas ao governo brasileiro sejam motivo para o aumento das tensões”, afirmou o ministro da Economia.
O ministro também mencionou que o vice-presidente Geraldo Alckmin está fazendo “um esforço imenso” em suas conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. “Ontem tiveram uma conversa mais longa, a terceira e mais longa até agora”, observou.
O objetivo do governo brasileiro, de acordo com Haddad, é que eles se pronunciem oficialmente para que seja possível entender o que está em jogo e para que os negociadores encontrem uma solução levando em conta o que é relevante para ambos os países.
Contenção
Enquanto isso, o plano de ação para ajudar empresas afetadas pelo aumento de tarifas já está sob avaliação do presidente Lula. O plano foi elaborado pelos ministérios da Economia; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; das Relações Exteriores; e pela Casa Civil.
Diferentes cenários foram propostos e, segundo o ministro Haddad, Lula decidirá sobre “a escala, o montante, o timing, a conveniência e a data” para a implementação. Um dos cenários contempla um programa de preservação de empregos com o mesmo propósito do adotado durante a pandemia de covid-19.
“Não sei qual cenário o presidente optará”, disse o ministro da Economia, sem revelar as medidas.
“O Brasil estará pronto para cuidar de suas empresas, de seus trabalhadores e, ao mesmo tempo, permanecer constantemente em negociações, buscando racionalidade, respeito mútuo e fortalecimento das relações”, acrescentou o ministro.
Fonte: Agência Brasil