A aplicação da taxa de 50% sobre os produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump não deverá afetar os investimentos diretos das empresas dos Estados Unidos no Brasil, informou hoje o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
Conforme Ceron, as empresas têm uma visão de longo prazo, não considerando fatores momentâneos. Nas transações de investimento direto, as empresas planejam no longo prazo.
“Elas projetam os próximos 10 a 15 anos. São questões muito mais estruturais que momentâneas em um cenário como este [o embate comercial com Donald Trump]”, afirmou Ceron, durante uma coletiva de imprensa para detalhar o resultado das finanças públicas de junho. “O Brasil possui uma relação de proximidade de longa data com os Estados Unidos. Acredito que isso permanecerá.”
De acordo com o portal InvestVis, que reúne informações sobre investimentos estrangeiros diretos no Brasil, os Estados Unidos são o país que mais investe aqui. Entre janeiro de 2024 e junho de 2025, as empresas americanas investiram US$ 12,25 bilhões no país, representando 23,46% do total. Em segundo lugar estão os Países Baixos, com US$ 7,92 bilhões (15,17%).
Estratégia de contingência
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi apresentado, no início da semana, a um plano de estratégia de contingência para apoiar os setores afetados pela taxa comercial de 50% sobre os produtos brasileiros, que entrará em vigor na próxima semana. Ceron não antecipou as medidas, apenas ecoou os comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que parte da assistência às empresas brasileiras impactadas incluirá medidas de crédito.
Segundo o secretário, o governo brasileiro não terá que reformular o plano devido à isenção concedida pelo governo dos Estados Unidos aos principais produtos brasileiros de exportação para o país, como aviação civil, minérios, alguns alimentos e produtos de energia. “O esboço geral [do plano] está pronto. Podemos ajustar os valores, mas não acredito ser necessário reiniciar o planejamento”, declarou Ceron.
“Dentro dos possíveis cenários, é uma situação que não se enquadra no pior. Representa um cenário mais favorável, porém os impactos não devem ser subestimados”, afirmou o secretário, acrescentando que ainda é necessário compreender os pormenores da ordem executiva do presidente Donald Trump.
Rio Grande do Sul
O secretário mencionou que a experiência com as inundações no Rio Grande do Sul no ano passado contribuiu para a formulação do plano de contingência. “O plano está pronto, estamos refinando. O que posso adiantar, com a experiência enfrentada durante o desastre no Rio Grande do Sul, [é que] sabemos lidar com problemas com racionalidade, com técnica e com medidas adequadas para produzir os efeitos econômicos proporcionais à mitigação do problema em questão.”
Embora a vivência com a calamidade climática no Rio Grande do Sul tenha servido de referência para o governo, Ceron ressaltou que não é possível equiparar o plano de contingência com o pacote de auxílio para as enchentes no ano anterior. “São acontecimentos distintos, com características diferentes e impactos diferentes”, ponderou.
“Estamos monitorando os desdobramentos”, afirmou o secretário. Ele enfatizou que, enquanto essa situação não for definitivamente resolvida, o plano dispõe dos recursos necessários para manter a estabilidade, conforme está no momento atual.
Fonte: Agência Brasil