O líder Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que não retrocedeu da proposta de uma moeda para os países que compõem o Brics.
“É necessário experimentá-la. Se experimentar e fracassar, eu estava equivocado. Mas eu penso que é imprescindível alguém me persuadir de que estou equivocado”, declarou Lula em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, da Band News.
O chefe de Estado destacou que o agrupamento é um triunfo para o Brasil e que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode estar “um tanto invejoso da participação do Brasil nos Brics”, declarou.
Ele defendeu a união do bloco em relação à necessidade de harmonizar interesses de nações do Sul global para que pudessem dialogar e deliberar. “E tentar utilizar a sua afinidade (de interesses)”. Lula argumentou que os Brics representam metade da população mundial e um terço do PIB global.
O Brics é composto por 11 países membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
Dólar
Lula expressou sua incerteza quanto à relação direta entre a tributação do governo norte-americano sobre os produtos brasileiros e os Brics.
“Nós não podemos ficar dependendo do dólar, que é uma moeda de um único país, que foi adotada como moeda global”.
Ele levantou a questão de negociar com os países em suas moedas.
“O dólar tem sua importância, mas nós podemos debater dentro dos Brics a necessidade de uma moeda de comércio entre nós”.
Lula reiterou seu apoio ao multilateralismo nas relações entre as nações. “O multilateralismo é o que permitiu que houvesse um certo equilíbrio nas negociações comerciais entre os Estados. A não supremacia de um Estado mais poderoso sobre um Estado menos poderoso”.
Encontro em setembro
O líder Lula recordou, na entrevista, que abrirá, em 23 de setembro, a Assembleia Geral da ONU e que não tem certeza se haverá diálogo com o presidente Trump. Na conversa, defenderei o multilateralismo e o Brasil. “Defenderei nossa autonomia e a questão ambiental”, afirmou.
Lula criticou o não cumprimento do Protocolo de Quioto e a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
“Eu enviei uma correspondência a ele esta semana, convidando-o para a COP”. Lula ainda não recebeu resposta da carta.
Fonte: Agência Brasil