A segmentação de estrato social direciona políticas de utilidade pública e alimenta mais do que a discussão política e financeira, embora não haja uma convergência nem uma abordagem exclusiva para determinar quem é abastado, de estrato médio ou de baixa linhagem social. A maneira mais fundamental (e relativamente comum) é classificar a comunidade brasileira em três partes idênticas – um terço dos mais pobres, um terço do meio e um terço dos mais abonados. No entanto, de acordo com especialistas, esse parâmetro negligencia as profundas disparidades regionais e a distância que separa os extremos da hierarquia de recursos do país – e mantém uma distância considerável entre os diferentes níveis de rendimentos.
O economista Daniel Duque, da FGV Ibre, sugere uma abordagem alternativa. Em vez de três conjuntos com um número igual de indivíduos, ele propõe a divisão da população brasileira em três extensas faixas de salário, contendo aproximadamente 70 milhões de brasileiros cada uma – o que ajuda a atenuar distorções e serve como um guia mais eficaz para políticas de utilidade pública.
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Conforme Duque, uma pessoa é vista como de Subclasse C se vive em uma residência com renda mensal por pessoa de até R$ 880. Por outro lado, quem habita uma casa onde a renda per capita ultrapassa R$ 1.761 mensais já se encontra no topo da pirâmide, o chamado terço mais abonado da sociedade.
Isso implica que um casal com dois filhos e salário familiar total de R$ 7.050 é, tecnicamente, considerado parte da elite econômica do país.
O perito argumenta que essa abordagem é mais eficaz e fidedigna para ser considerada no momento de analisar o Brasil e direcionar políticas de redistribuição de renda.
“Essa questão de grupo alto, baixo e médio, acaba sendo relevante porque há várias políticas que se destinam à subclasse média, por assim dizer, mas você observa que a maior parte dos beneficiados pertence à subclasse alta. O Imposto de Renda sobre Pessoa Física é um excelente exemplo. O Imposto de Renda sobre Pessoa Física isenta até R$ 5 mil e reduz para certa faixa e aumenta para aqueles que recebem quantias muito superiores. Se você verificar os beneficiários, a maioria já está no terço superior da sociedade, ocorrendo uma transferência de recursos dentro de uma faixa semelhante, de um mesmo conjunto populacional”, explica.
Unicamente 4% dos brasileiros estão na Subclasse A, segundo a Tendências Consultoria
Outro critério utilizado é o da consultoria Tendências, que estabelece as faixas de renda com base na renda total familiar – não per capita.

A Tendências calcula que praticamente metade da população brasileira está nas Subclasses D e E, ou seja, vivem em residências com rendimento total de até R$ 3.500. Esses dados revelam que ser “próspero” no Brasil depende tanto do montante absoluto quanto do contexto social e econômico em que se está inserido.
Neste método, a classificação das subclasses fundamenta-se no montante real total dos domicílios. O rendimento é uma estimativa da Tendências Consultoria, cujo cálculo abarca o somatório do rendimento habitual de todos os trabalhos (salários), das transferências do programa Bolsa Família, do Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (aposentadorias e pensões) e de outras fontes de rendimento.
Essas outras fontes de rendimento consideram os diversos outros valores, incluindo seguro-desemprego, seguro-defeso, pensão alimentícia, doação ou mesada em numerário de pessoa que não morava no domicílio, aluguer entre outros.
Qual é a remuneração média do brasileiro?
Conforme os dados mais recentes do IBGE (junho de 2025), o ordenado médio mensal do trabalhador brasileiro é de R$ 3.457, o ponto mais alto em mais de uma década e representando incremento de 3% ante o primeiro trimestre do ano.
O valor reflete a queda da taxa de desemprego, que atingiu 6,2% em maio, e o impulso do emprego formal, que atingiu novo recorde com mais de 37 milhões de pessoas com contrato assinado.
A localização geográfica possui enorme peso nesse cálculo. O Mapa da Riqueza, levantamento realizado pela FGV Social com base em dados do Imposto de Renda, revela que a concentração de riqueza no Brasil varia consideravelmente de cidade para cidade e até mesmo entre bairros de uma mesma capital.
Em Lago Sul, bairro de prestígio de Brasília, a remuneração média declarada por aqueles que efetuam a declaração do IR atinge R$ 39.535 mensalmente, ao passo que a remuneração média da conjuntura populacional no bairro é de R$ 23.141 – ainda assim, três vezes superior a qualquer outro município brasileiro.
Além de Lago Sul, outras localidades com rendimentos elevados incluem Nova Lima (MG), com R$ 8.897 de remuneração média, e Santana de Parnaíba (SP), com R$ 5.791. Esses valores contrastam grandemente com os municípios mais paupérrimos: em Ipixuna do Pará, por exemplo, a média de remuneração da população é somente R$ 71 mensais, após a FGV.
Entre as capitais, Florianópolis lidera o ranking de rendimento per capita, com R$ 4.215 mensais, seguida de Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736).
Por outro lado, cidades da região Norte e Nordeste, como Macapá, Rio Branco e Manaus, encontram-se nas últimas colocações. Isso ressalta que a desigualdade não se restringe apenas ao estrato social, mas também entre regiões e municípios.
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Fonte: Bora investir