Os índices regulares de taxas de juros permaneceram inalterados no mês de junho deste ano. Na média de todas as negociações – financiamentos liberados e específicos, para núcleos familiares e organizações – o interesse alcançou a marca de 31,5% ao ano, durante o mês passado, com uma diminuição mínima de 0,1 ponto percentual (p.p.). Ainda assim, a porcentagem permanece em um patamar superior, apresentando um crescimento de 3,6 p.p. ao longo de um período de 12 meses, de acordo com as Análises Monetárias e de Financiamento, divulgadas nesta segunda-feira (28) pelo Banco Central (BC).
Conforme previsto, o acréscimo das taxas bancárias acompanha o ciclo ascendente da taxa fundamental de juros da economia, a Selic, estipulada em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic representa a principal ferramenta utilizada pelo BC com o intuito de gerir a inflação.
O Banco Central justifica a elevação da taxa devido à necessidade de reduzir a demanda e conter a inflação, visto que taxas mais elevadas encarecem as transações de crédito e fomentam a poupança, ocasionando uma diminuição no consumo por parte das pessoas e uma redução nos preços. A próxima reunião do Copom para definir a Selic ocorrerá na terça-feira (29) e na quarta-feira (30).
As análises indicam que, da mesma forma, o spread bancário não sofreu alterações no mês. Essa métrica avalia a diferença entre o custo de obtenção de recursos pelos bancos e as taxas médias cobradas dos clientes, e ficou em 20,4, representando um aumento de 1,8 p.p. em 12 meses.
Financiamento liberado
Nos recentes acordos de crédito para as famílias, a taxa média de juros liberados atingiu 58,3% ao ano, mantendo-se constante no mês e crescendo 5,7 p.p. em 12 meses. Destacam-se neste período o cheque especial, com um aumento de 2,5 p.p. em junho e de 6,2 p.p. ao longo de 12 meses, chegando a 137,5% ao ano; além do crédito pessoal não consignado, que registrou um acréscimo de 4,2 p.p. no mês passado e de 13,3 p.p. em 12 meses, alcançando 108,6% ao ano.
No entanto, as taxas praticadas em transações de cartão de crédito rotativo diminuíram 7,9 p.p. no mês, porém aumentaram 12,7 p.p. em 12 meses, atingindo 441,4% ao ano. Essa modalidade se destaca pelas altas taxas do mercado.
O crédito rotativo tem a duração de 30 dias e é contratado pelo consumidor quando realiza o pagamento de um valor inferior ao total da fatura do cartão de crédito – utilizando, por exemplo, a parcela mínima. Ou seja, nesse momento, o cliente obtém um empréstimo e começa a pagar juros sobre o montante não quitado.
Após o período de 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. No caso do cartão parcelado, as taxas subiram 1,4 p.p. no mês e permaneceram inalteradas em 12 meses, totalizando 182,5% ao ano.
Nas concessões para as organizações, a taxa média de crédito liberado ficou em 24,3% ao ano, apresentando um aumento de 0,1 p.p. no mês e uma elevação de 3,5 p.p. em 12 meses.
Financiamento específico
No crédito liberado, os bancos têm autonomia para conceder o dinheiro captado no mercado e estabelecer as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito específico – com parâmetros definidos pelo governo – destina-se principalmente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No âmbito do crédito específico, a taxa para pessoas físicas atingiu 11,1% ao ano em junho, representando uma redução de 0,2 p.p. em relação ao mês anterior e um aumento de 1 p.p. em 12 meses. Para empresas, a taxa diminuiu 0,6 p.p. no mês e aumentou 1,7 p.p. nos últimos 12 meses, totalizando 14,1% ao ano.
Dessa forma, a média da taxa de juros no crédito específico ficou em 11,8% ao ano, uma redução de 0,2 p.p. no mês e um aumento de 1,2 p.p. em 12 meses.
Saldos das negociações
Em junho, as concessões de crédito alcançaram R$ 636,9 bilhões. Em séries ajustadas sazonalmente, houve um recuo de 3,1% no mês, com uma redução de 7,5% nas operações com pessoas jurídicas e um aumento de 1,4% com as famílias. Ao longo de 12 meses, as concessões nominais expandiram em 13,9%, com aumento de 17,7% nas operações com empresas e de 10,9% com pessoas físicas.
Com isso, o total de financiamentos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 6,685 trilhões, representando um crescimento de 0,5% em comparação ao mês anterior. Esse desempenho foi principalmente impulsionado por acréscimos de 0,6% no crédito direcionado às empresas e de 0,4% às famílias, totalizando respectivamente R$ 2,540 trilhões e R$ 4,144 trilhões.
Segundo o BC, entretanto, há uma desaceleração no crescimento dos saldos. Na comparação em 12 meses, o total de crédito cresceu 10,7% no mês anterior, frente a um aumento de 11,8% em maio.
O crédito ampliado ao setor não financeiro – englobando o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte (bancária, mercado de títulos ou dívida externa) – atingiu R$ 19,302 trilhões, com um aumento de 0,9% no mês, destacando-se principalmente os acréscimos de 2,9% nos títulos públicos de dívida e de 2,1% nos títulos de dívida securitizados.
Em 12 meses, o crédito ampliado aumentou 10,6%, com crescimentos nos títulos públicos de dívida (12,2%), nos empréstimos do SFN (10,1%), nos títulos de dívida securitizados (25,6%) e nos títulos privados de dívida (16,3%).
Endividamento das núcleos familiares
Segundo o Banco Central, a inadimplência – atrasos superiores a 90 dias – permanece constante há um período significativo, com pequenas variações, registrando 3,6% em junho. No que se refere às transações para pessoas físicas, essa porcentagem se fixa em 4,3% e, para pessoas jurídicas, em 2,4%.
O endividamento das famílias – relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses – atingiu 49% em maio, com um acréscimo de 0,1 p.p. no mês e de 1,4 p.p. em 12 meses. Excluindo o financiamento imobiliário, que representa uma parte considerável da renda, o endividamento ficou em 30,7% no quinto mês do ano.
O comprometimento da renda – relação entre o valor médio destinado ao pagamento das dívidas e a renda média apurada no período – alcançou 27,8% em maio, com um aumento de 0,4 p.p. em relação ao mês anterior e de 1,9% em 12 meses.
Os dois últimos índices são divulgados com um maior atraso em relação ao mês de divulgação, pois o Banco Central utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Agência Brasil