O padre Daniel Nicoletti, criador e dirigente da Igreja Renovar, foi mencionado pela Polícia Civil de São Paulo como cabeça de um esquema de branqueamento de capitais associado a uma estrutura de pirâmide envolvendo moedas virtuais. Nas mídias sociais, o religioso possui mais de 70 mil seguidores e é famoso por prometer o que denomina de “maravilhas financeiras”.
Conforme relatório do Conselho de Fiscalização de Atividades Financeiras (Coaf), obtido pelo portal Metrópoles, a conta bancária da congregação religiosa da qual Nicoletti é fundador recebeu mais de R$ 4 milhões do grupo suspeito entre dezembro de 2018 e dezembro de 2019.
São 17 acusados no processo judicial, incluindo Nicoletti, sua companheira Elaine Crisley dos Anjos Silva e a própria igreja.
“Com o intuito de dissimular origens do dinheiro capturado de forma ilegal, tais indivíduos transferiram recursos para a conta pertencente à Igreja Ministério Renovar, de propriedade do padre Daniel Nicoletti”, declara o documento policial, de acordo com o Metrópoles. “Também se verificou que as transferências careciam de justificativas econômicas claras.”
Conforme a CNN, a Justiça paulista deliberou a transferência do processo para Palhoça, Santa Catarina, onde existe uma filial da igreja. Entretanto, o Ministério Público de SC questionou a mudança, resultando em um impasse.
Com isso, o juízo da Vara Regional de Garantias da Comarca de São José (SC) ordenou a paralisação do processo e suscitou um conflito de competência a ser solucionado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Argumentação de Nicoletti
Aos dois portais mencionados, a defesa do padre Daniel Nicoletti enviou uma declaração indicando que o inquérito policial instaurado no estado de São Paulo para investigar possível delito anterior à suposta atividade de lavagem de dinheiro foi arquivado por decisão judicial, após posicionamento do Ministério Público reconhecendo a carência de indícios suficientes para a proposição de ação penal.
No entanto, como salienta o Metrópoles, esse inquérito mencionado por eles se refere às operações da MDX Capital, acusada de coordenar o esquema de pirâmide financeira. Enquanto isso, o processo que acusa a igreja de lavagem de dinheiro está em curso e ainda não foi concluído.
Em relação a uma eventual ligação entre Nicoletti e a MDX, a defesa afirma que não há nenhum tipo de parceria e que um dos gestores da empresa frequentava a Igreja Renovar, “como qualquer fiel em busca de suporte espiritual e orientação pessoal”.
“Essa relação jamais se confundiu com laços comerciais ou societários. O Padre Daniel Nicoletti não é, em momento algum, sócio, gestor ou beneficiário da MDX Capital Miner Digital, e tampouco participou de qualquer atividade comercial da entidade”, comunica a declaração.
Por fim, Nicoletti assegura que a informação do Coaf sobre transações acima de R$ 4 milhões entre a igreja e o grupo suspeito de lavagem de dinheiro é infundada. “Essa alegação não procede. Durante o período mencionado nos autos (ano de 2019), a Igreja possuía 6 unidades em funcionamento e, contando todos os membros das unidades (milhares de indivíduos), as doações recebidas naquele ano não ultrapassaram R$ 1,5 milhão.”
“Quanto aos valores possivelmente transferidos por pessoas relacionadas à MDX, tratam-se de ofertas voluntárias modestas, assim como muitas outras realizadas por membros e frequentadores”, conclui a declaração.
Fonte: Portal do Bitcoin