Após um aumento de 30% em 2025, as empresas de pequeno porte ainda estão sendo negociadas com um dos maiores descontos históricos – e uma possível redução da Selic pode acelerar essa recuperação. Com anos de prejuízos devido às altas taxas de juros, a possível diminuição da Selic no início de 2026 pode desencadear uma recuperação mais intensa especificamente nas empresas menores, que são mais impactadas pelo custo do capital.
“Eu acredito que este seja um excelente momento para investir em empresas de pequeno porte, um dos mais favoráveis nos últimos 5, 8 anos”, resume João Daronco, analista CNPI da Suno Research.
Qual é a definição de Small Caps?
Empresas pequenas são ações de empresas com menor capitalização de mercado na bolsa de valores. Essas empresas geralmente têm um potencial de crescimento maior, porém também apresentam uma volatilidade maior e menor liquidez em comparação às grandes empresas (as chamadas ações blue chips). Portanto, são mais sensíveis a fatores como taxas de juros e custo de capital.
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Por que as empresas de pequeno porte ficaram para trás nos últimos anos
De acordo com João Daronco, analista da Suno Research, o ponto inicial é lembrar que o setor foi desvalorizado por um longo período, por razões estruturais. “As empresas pequenas têm apresentado um desempenho bastante negativo desde 2021, principalmente devido às altas taxas de juros. É um setor onde a maioria das empresas está focada no crescimento, ou seja, são fortemente impactadas pelo aumento das taxas de juros”, declara.
No futuro, a possibilidade de queda nas taxas de juros pelo Banco Central no início de 2026 pode ser um gatilho para uma valorização ainda mais significativa das empresas de pequeno porte.
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Taxas de juros mais baixas podem beneficiar essas empresas de diversas maneiras. Em primeiro lugar, isso reduz a taxa de desconto ao precificar o valor das empresas – no caso das empresas de pequeno porte, a maior parte do valor está no fluxo futuro: a expectativa de que a empresa possa crescer e gerar mais lucro adiante. No entanto, esse valor futuro é atualizado ao valor presente, com base na taxa de juros. Se a taxa de juros é mais baixa, o desconto é menor – e o preço aumenta.
Além disso, uma redução na Selic tende a aumentar o fluxo para ativos de maior risco, destaca Tales Barros, líder de renda variável da W1 Capital. “Os investidores acabam com menos oportunidades ou com oportunidades menos atrativas em renda fixa e, nesse cenário, as empresas de pequeno porte acabam tendo uma boa vantagem”, afirma Barros.
Empresas têm apresentado resultados positivos
Outro fator que fortalece o cenário favorável é a melhoria gradual dos resultados. As empresas de pequeno porte sofreram mais com a demanda fraca, crédito caro e margens reduzidas, mas já estão mostrando sinais de recuperação. “Desde 2023 e 2024, com crédito caro e demanda mais baixa, vimos diversas empresas menores enfrentando um cenário desafiador, porém buscando diminuir o endividamento e melhorar a margem”, destaca Barros. “Com base nos resultados desses últimos dois trimestres, já podemos observar os lucros começando a crescer.”
Qual a melhor forma de investir em Empresas de Pequeno Porte?
No entanto, esse segmento possui riscos maiores do que as empresas mais consolidadas listadas na bolsa: maior volatilidade, menor liquidez e menos cobertura por analistas.
Portanto, a recomendação predominante é a diversificação. Barros sugere investir nesse mercado por meio de ETFs. “Especialmente quando se trata de empresas de pequeno porte, é possível aproveitar o movimento mais amplo sem precisar escolher qual ação terá o melhor desempenho”, explica.
Badia reitera essa ideia: “Sempre recomendamos a diversificação. Existem diversas opções de investimento – fundos, ETFs, casas de análise. Nunca sugerimos simplesmente abrir o home broker e escolher sem orientação, apenas pelo nome das empresas que você conhece”.
Confira a lista dos ETFs (fundos negociados em bolsa) que oferecem exposição ao segmento de empresas de pequeno porte na B3:
| Código | Nome | Classe de ativo | Gestor | Índice de referência |
| SCVB11 E | Investo Market Vector Brazil Small Cap Value ETF – Fundo de Índice | Ações | Investo | Market Vector Brazil Small Cap Value (BRL) Index |
| SMAB11 E | BTG PACTUAL SMLL B3 FUNDO DE ÍNDICE | Ações | BTG Pactual Asset Management | SMLL B3 Small Cap |
| SMAC11 E | IT NOW SMALL CAPS FDO ÍNDICE | Ações | ITAÚ ASSET | SMLL B3 Small Cap |
| SMAL11 E | ISHARES BMFBOVESPA SMALL CAP FUNDO DE ÍNDICE | Ações | BlackRock | SMLL B3 Small Cap |
| XMAL11 E | TREND ETF SMALL CAPS FUNDO DE ÍNDICE | Ações | XP Asset | SMLL B3 Small Cap |
Ações blue chips vs. Empresas de pequeno porte
A discussão não gira em torno de abandonar empresas grandes, mas sim compreender o potencial de crescimento.
“Analisando detalhadamente as empresas, é mais simples crescer, conquistar fatia de mercado ou aumentar a produção quando estamos falando de empresas de pequeno porte”, afirma Badia. “É mais viável obter um aumento mais significativo em empresas de pequeno porte do que em ações blue chips”, complementa.
Ele também destaca que as empresas menores “são mais sensíveis à curva longa e ao custo de capital”. Quando os juros caem, o impacto é mais expressivo.
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Fonte: Bora investir

