Após uma elevação de 8% em julho, o Bitcoin (BTC) começou agosto em baixa, já registrando queda de ligeiramente mais de 1% nesta semana inicial do mês. Isso pode ser interpretado como falta de entusiasmo após quatro meses consecutivos de valorização, entretanto, serve apenas para reforçar um histórico desfavorável do oitavo mês do ano.
No período de 2013 a 2024, agosto apresentou desempenho negativo em oito anos, encabeçando a lista dos piores meses para o Bitcoin ao lado de setembro. Contudo, ao analisar a mediana do desempenho da criptomoeda, agosto se destaca como o pior mês, com queda de 7,5%. Em segundo lugar, temos setembro, com perdas medianas de 4,3% para o BTC.
Os últimos três anos testemunharam quedas consecutivas do Bitcoin em agosto, todas com perdas consideráveis: 8,6% em 2024, 11,3% em 2023 e 13,9% em 2022, conforme dados da Coinglass.

Uma justificativa para essa conjuntura é o período de férias no hemisfério norte, onde se encontra grande parte da riqueza global. De acordo com Caio Leta, líder de pesquisa e conteúdo da Bipa, a queda em agosto é um fenômeno observado também no mercado convencional. “Durante esse intervalo, muitas pessoas preferem evitar a exposição ao risco da volatilidade do mercado e liquidam seus ativos, retornando ao mercado somente em setembro e outubro”, declara o analista ao Portal do Bitcoin.
Outro fator é que, em cenários como o de 2025, com o Bitcoin em ascensão por quatro meses consecutivos, agosto surge como uma oportunidade atraente para investidores realizarem lucros, exercendo pressão sobre os preços para baixo.
Quedas iniciais no mês geralmente estimulam mais vendas, desencadeando um efeito de rebanho e aumentando as liquidações de posições alavancadas. Esse cenário tem sido corroborado por dados on-chain, que indicam uma pausa na tendência positiva da criptomoeda.
Informações sobre opções revelam uma mudança de sentimento, com a inclinação de 30 dias caindo de +2% para -2%, indicando que os investidores estão dispostos a pagar mais para se proteger contra quedas.
Além disso, observa-se uma grande cautela institucional, com um montante de US$ 1,2 bilhão retirado de ETFs de Bitcoin à vista nos dias 4 e 5 de agosto, aumentando a pressão das vendas.
“A lateralização de preços em agosto é o cenário mais provável antes da retomada do momentum”, afirmou Georgii Verbitski, criador da plataforma DeFi TYMIO, ao Decrypt.
Incertezas reforçam a prudência
Adicionalmente, há os impactos da incerteza em relação às tarifas do governo de Donald Trump e às condições macroeconômicas nos Estados Unidos.
Indícios recentes apontam que o Federal Reserve pode manter as taxas de juros por mais tempo, ao passo que a economia americana começa a apresentar sinais mais consistentes de recessão.
O mercado já antecipa e reflete esses cenários. Dados da plataforma de derivativos Derive mostram que os contratos de venda (put) de BTC com vencimento em 29 de agosto estão cinco vezes maiores em comparação aos de compra (call). Isso significa que a expectativa de queda do Bitcoin neste mês é significativamente maior que a de alta.
Cerca de metade dos contratos de venda concentra-se no preço de exercício de US$ 95 mil, com os outros 25% distribuídos entre os preços de exercício de US$ 80 mil e US$ 100 mil.
“A posição sugere que os traders estão fortemente apostando em uma movimentação dolorosa de volta abaixo de US$ 100 mil”, informa a Derive.
Para Jurrien Timmer, diretor de macroeconomia global da Fidelity, as incertezas macroeconômicas reforçam a necessidade de cautela. Ainda assim, ele ressalta que a tendência geral para o mercado de criptomoedas permanece “positiva”. Mesmo assim, os investidores devem estar preparados para uma possível “desaceleração” a curto prazo, conforme sua análise.
Fonte: Portal do Bitcoin